Há uns anos comecei a tomar todas as manhãs o meu pequeno almoço constituido por Kefir, previamente preparado, misturado com cereais. Kefir é um termo derivado da palavra turca “keif” que significa “bom sentimento” ou “sentir-se bem”. Os grãos de Kefir foram considerados um presente de Alá entre os membros das tribos muçulmanas das Montanhas do Cáucaso setentrional.
O Kefir é o leite fermentado com este complexo Probiótico (pro = a favor; bio = vida) e é referido como tendo poderes curativos desde o início do século XVIII. O Kefir é uma bebida refrescante, altamente saudável e proporciona ao organismo uma série de benefícios, sendo inclusivamente um elemento auxiliar em vários tipos de doenças, tais como alguns tipos de cancro. Não são conhecidas contra-indicações.
O Kefir tem uma consistência cremosa uniforme, semelhante ao iogurte mas o seu valor nutricional e terapêutico é muito superior. Tem um gosto levemente azedo e um aroma suave de fermento fresco semelhante a cerveja. O Kefir também pode ter um sabor mais forte efervescente natural e picante, se o deixarmos fermentar por mais de 24 horas ou a proporção entre grãos de Kefir e a quantidade de leite for diferente da do Kefir Tradicional. Há uma variedade aproximada de 40 compostos aromáticos, que contribui para o único e raro sabor e aroma do Kefir.
Os grãos de Kefir são uma mistura complexa de bactérias específicas e leveduras que têm uma relação simbiótica e harmoniosa e não podem ser confundidos com grãos de cereais. Os grãos de Kefir ou "grânulos" são de facto "uma cultura mãe" natural. Para produzir Kefir, são necessários grãos de Kefir, que passam de mão em mão através dos séculos, de forma gratuita e solidária.
O Kefir é um conjunto de lactobacilos e de algumas leveduras, que se alimentam da lactose contida no leite, fermentando-o. O Kefir é composto por bactérias não patogénicas. Elas colonizam o trato digestivo e acabam inibindo o crescimento de bactérias agressivas. Além de ajudar a digestão, elas produzem cálcio e vitaminas importantes. Apesar dos benefícios da ingestão deste tipo de alimento não serem comprovados experimentalmente, há exemplos de pesquisas por amostragem demonstrando que o hábito de beber Kefir colaborou na inibição de alergias cutâneas.
Dizem os pesquisadores que o Kefir é usado pelos arménios, georgianos, curdos e outros povos da região há mais de 4000 anos. Foram transmitidos grãos de Kefir de geração em geração entre as pessoas da região do Cáucaso. Estas pessoas consideraram os grãos de Kefir uma fonte de riqueza da família tribal. O processo de produção de Kefir era defendida e mantida secreta à custa da própria vida.No início de 1900, dois irmãos que possuiam fábricas de queijo nas Montanhas do Norte do Cáucaso, foram contactados para ajudar a obter uma cultura de Kefir para a Sociedade de Médicos Russos.
Os irmãos propuseram usar uma mulher jovem e bonita de nome "Irina Sakharova" para persuadir um príncipe Caucasiano chamado "Bek-Mirza Barchorov " a doar grãos de Kefir.
Irina deslumbrou o príncipe com a sua beleza mas o príncipe recusou dar-lhe estas preciosas jóias vivas “probióticas”, os grãos de Kefir.O Príncipe não estava disposto a deixar Irina, e quando ela voltava para casa, organizou um sequestro com alguns dos seus homens. Contra a vontade dela, o príncipe esperava ganhar o seu amor e propôr matrimónio. Mas Irina recusou. Os Blandovs para quem ela trabalhava na fábrica fazendo queijos levaram o caso ao tribunal do Tzar contra o príncipe.
O príncipe ofereceu ouro e jóias como recompensa dos crimes feitos contra ela, mas ela recusou a oferta. Ao invés disso, como Irina exigiu, recebeu grãos de Kefir!
Mais tarde em 1908, Irina Sakharova trouxe o primeiro Kefir para Moscovo onde foi utilizado medicinalmente com grande sucesso.Em Setembro de 1908, era oferecido à população de Moscovo o primeiro litro de Kefir. A partir daí passou a ser usado e consumido em toda a Rússia, alcançando em 1988, o consumo anual médio de 4,5 kg por pessoa.

Para preparar o Kefir também podem ser utilizados, em vez do leite, sumos de frutas: uva, laranja, limão, kiwi, melão, etc.